quinta-feira, 13 de maio de 2010

Internacionalização demanda estratégia e bom mapeamento

As empresas terão que se internacionalizar para garantir expansão e sustentabilidade dos negócios, querendo ou não. A avaliação é de Sérgio Nunes, diretor do Departamento de Micro, Pequenas e Médias Empresas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. "A empresa que exporta tem imagem diferenciada no mercado."
Mas o escoamento de produtos para outros países não pode ser visto como um tapa-buracos para a falta de mercado interno -deve ser uma decisão estratégica, com planejamento e definição de objetivos. Por isso a Inbits Aviamentos fez investimentos para ampliar a produção de 200 mil peças por mês para 700 mil. A gerente comercial Gláucia Marchese, 40, explica que a preocupação era dar conta dos pedidos dos EUA e da França, para onde a empresa vai começar a exportar. "O cliente estrangeiro é mais exigente em relação a prazos", avalia.
A exigência também se dá quando o assunto é a qualidade do produto. "Originalidade, criatividade e qualidade são características que não podem faltar para quem quer exportar", afirma a designer Alessandra Migani, 37, sócia do ateliê Casa da Alessa.
Ela conta que teve dúvidas em relação à logística e à distribuição de suas coleções. "Às vezes, é mais vantajoso trabalhar com serviço de entrega diferente para países diferentes", diz. A designer considera importante "trocar ideias" com outras empresas e buscar ajuda de associações, como a Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil).
Paulo Sérgio Elias, superintendente da cooperativa de cafeicultura Cooparaíso, aponta outras "angústias" do empresário -aceitação do produto, disposição dos consumidores locais de trocar uma marca nacional por outra internacional e composição de preços.
Antes de iniciar a venda de seus produtos na França, a cooperativa fez um estudo sobre o ponto de torra e o "blend" que os franceses mais gostam. Com a amostra do que seria o produto tipo exportação, participou de uma feira para 400 mil pessoas na Europa e promoveu degustações. Segundo ele, um "ponto a favor" neste comércio é que os franceses valorizam o produto "terroir", feito por uma comunidade -conceito no qual a cooperativa se encaixa. A exportação começou em setembro de 2009. No ano passado, foram vendidas 18 toneladas de café especial. A previsão para este ano é de 80 toneladas.
Visita
Para o empresário Fabiano Gullame, antes de explorar o mercado externo, é preciso "entender quem são os clientes importantes e saber quem está comprando". Isso, diz, só se consegue visitando os países. Ele é sócio da Gullane Filmes, produtora responsável por longas como "Bicho de Sete Cabeças" e "Carandiru", e considera que a boa relação com potenciais clientes não basta. "Eles podem estar pensando em uma linha editorial diferente da que você está propondo", exemplifica Gullane.

Fonte: F0lha de S.Paulo