segunda-feira, 10 de maio de 2010

É hora de cautela na Bolsa, dizem analistas

Apesar da queda de 6,9% na última semana, especialistas recomendam calma e enxergam oportunidades na Bovespa. Diversificar investimentos também é importante para reduzir perdas; títulos públicos e CDBs são boas opções neste momento.
A lentidão das autoridades europeias em socorrer a combalida Grécia derrubou as Bolsas mundiais na última semana -- a Bovespa caiu 6,9%. Além disso, o aparente erro de um operador americano na quinta-feira levou uma dose extra de instabilidade aos mercados.
Apesar do cenário estressante, analistas de mercado recomendam calma aos investidores. Sair correndo da Bolsa é a pior opção, pois significa "embolsar" as perdas. E, dependendo do estômago do aplicador, pode até valer a pena aumentar a exposição em ações.
Gilberto Braga, economista e professor de finanças do Ibmec-RJ, aconselha que o investidor estabeleça um prazo para suas aplicações. Segundo ele, quem pretendia ficar com as ações por mais tempo deve manter esse objetivo e, caso tenha recursos, pode comprar mais papéis. "Com isso, é possível reduzir o custo médio da aplicação, já que o ativo ficou mais barato. Não acredito que haverá uma repetição das fortes perdas de 2008, pois as autoridades devem agir antes que o cenário se agrave ainda mais", avalia.
O economista-chefe da corretora Ágora, Álvaro Bandeira, lembra que é nos momentos de forte depreciação que surgem as oportunidades com maior rentabilidade. No entanto o economista aconselha o investidor a definir um limite para suas perdas, o que no jargão do mercado chama-se "stop loss".
"Quem quiser aproveitar o momento para adquirir papéis de empresas de primeira linha (de boa reputação, grande porte e com ações de maior liquidez) que estejam baratos deve comprar aos poucos, gradualmente, acompanhando o de- senrolar das notícias."
Roberto Padovani, estrategista-chefe do banco WestLB, também considera o momento propício para entrar na Bolsa. Mas alerta que o ano promete muita volatilidade. "Ninguém pode comprar ações e dormir. Há um custo de monitoramento, e o investidor deve estar ciente do risco. A Bovespa não terá uma rota única neste ano", avisa Padovani.
Defesa
O economista Fausto Gouveia, da Legan Asset Management, enxerga um risco maior no mercado atualmente.
Para ele, quem está posicionado em ações de primeira linha pode ser mais paciente. Já quem aplicou em papéis especulativos deveria sair para ativos defensivos, como ações do setor de energia, que pagam bons dividendos, ou ouro.
Gouveia não recomenda ações do setor de commodities, que podem recuar caso a crise europeia retarde a recuperação global. Ele vê potencial mais seguro de valorização em papéis ligados à demanda doméstica, como varejo, bancos, empresas de cartão de crédito e construtoras de imóveis populares.
"O investidor deve escolher ativos que tenham liquidez, pois são mais fáceis de vender em momentos de desconfiança", diz Gouveia.
Os quatro analistas orientam o investidor a diversificar suas aplicações, mesclando renda fixa e variável.
Gouveia considera o Tesouro Direto uma boa opção para compra de títulos públicos pós-fixados, tendo em vista a tendência de elevação dos juros no curto prazo. Na mesma linha, Braga sugere os fundos pós-fixados atrelados à taxa DI. Com a expansão do crédito, também está em alta a remuneração dos CDBs -papéis que bancos vendem para se capitalizar. O economista da Legan lembra que títulos de grandes bancos são mais seguros.
Fonte: Folha de S.Paulo